Resenha de HQ: The Walking Dead #01- 50



Resultado de imagem para hq the walking deadLivro: The Walking Dead # 1
Autor: Robert Kirkman

Entrei no mundo das HQ's por acaso, quando comecei a ler Academia Gotham. Quando fiquei viciada em e pensei: Por que não ler outras? Foi ai que me deparei com as HQ's de The Walking Dead. Eu já era fã da série a algum tempo, mas a HQ conseguiu domar minha atenção e hoje sou mais fã delas do que da série em si.

Assim como na série, nas HQ vamos acompanhar a vida de Rick, um policial que acorda do coma e se depara com algo que até então ele não sabia o que era. Sua mulher e seu filho tinham ido embora, assim como toda sua vizinhança, havia corpos para todos os lados e um cenário horrível de destruição. Rick tem apenas uma solução para seus problemas: Sobreviver!

Ler uma HQ não é nenhum bicho de sete cabeças, mas é algo totalmente diferente de ler um livro e não estou falando somente dos desenhos. A escrita é bem diferente, o enredo e algumas vezes até a dinâmica. O que mais me atraiu em TWD foi a diferença entre série e HQ. O que na série demora uma temporada para acontecer na HQ acontece em algumas páginas.

É um pouco difícil falar da escrita do autor. Robert Kirkman consegue conduzir muito bem o enredo e a passagem do tempo na HQ, mas sua escrita não é algo rebuscado, pois isso provavelmente não se encaixaria na história, porém temos diálogos bem legais que facilitam a leitura.

Estou lendo a quinquagésima primeira HQ e fico impressionada com a reviravolta que a história toma a cada página. Os desenhos, os personagens, os sentimentos expressados ao longo dos quadrinhos e, é claro, os zumbis, contribuem para que The Walking Dead seja uma série muito boa, que me deixa desesperada e é impossível deixar de ler.

Recomendo para quem gosta ou não do universo zumbi e digo isso porque o autor não foca só nos mortos-vivos, ele procura sempre mostrar como o ser humano reage a uma situação dessa, ao ponto das pessoas fazerem coisas absurdas e consideradas horrendas para um mundo "normal". Detalhe, tire tudo que está acontecendo na série no momento e curta a HQ. Lembrando que um quadrinho não tem a estrutura igual a de um livro, mas pode ser uma obra com uma mensagem tão boa quanto ;)

Resenha| Meio Mundo, de Joe Abercrombie






Autor: Joe Abercrombie / Ano: 2017 / Páginas: 368 / Editora: Arqueiro / Nota: 5-5
Thorn Bathu tem o sonho de ser uma guerreira, assim como seu pai foi um dia. Mas ao contrário dos meninos, Thorn encontra mais dificuldades de realizar seu sonho, por conta do machismo que as pessoas têm por ela ser uma menina.

Mesmo assim a garota ignora todos os comentários e começa seu treinamento para ser um dos guerreiros do exército do rei Unthil. Tendo um professor que faz de tudo para acabar com ela, Thorn aceita seu desafio final de lutar contra três outros alunos, mesmo que isso seja injusto e incorreto. A luta termina em uma tragédia, algo que o professor queria que ocorresse, e quando menos espera Thorn está presa em uma cela condenada a morte por assassinato.

O único que pode ajudá-la no momento é Pai Yarvi, ministro do rei e protagonista do primeiro livro da trilogia, que oferece liberdade a garota em troca de alguns favores que ela só vai saber depois. Desesperada para se livrar da morte Thorn aceita o acordo de Yarvi e embarca com uma tripulação esquisita para uma viagem de um ano com o propósito de conquistar aliados para a grande guerra que se aproxima sobre o Mar Despedaçado.

Para quem não sabe o livro Meio Rei tem o primeiro capítulo do livro Meio Mundo, então tinha esperança de que o segundo livro tivesse o destaque maior de uma personagem feminina, coisa que dificilmente acontece nos livros de Abercrombie.

Quem conhece a escrita do autor sabe o quanto ele escreveu a trilogia A Primeira Lei de uma forma mais pesada, tanto na escrita quanto no cenário, e a trilogia Mar Despedaçado traz algo totalmente diferente nesse novo trabalho. O livro tem o foco mais jovem, leve e agradável de ter um acompanhamento, mas também não deixa de ter uma pitada de sangue que Joe Abercombrie sabe ter.

Claro que isso ocorre porque os públicos das duas trilogias são diferentes, mas dessa vez a balança do autor estava mais equilibrada referente a alguns tópicos, como: o número de personagens, cenas de guerra, tempo de duração do enredo, características do ambiente criado, tudo estava mais fácil de ler.

Thorn foi foco do livro em grande parte e não me recordo até hoje de ter lido algo com uma personagem que tenha evoluído tanto em sua força e determinação. Talvez, por recentemente termos mais garotas empoderadas nos livros algumas pessoas achem ela com características clichês de uma Girl Power, mas nunca é demais ver uma menina sendo retratada como uma guerreira na literatura. Principalmente quando a mesma ainda está cheia de livros machistas e repleta de heróis masculinos.

A palavra machismo estar explicitamente presente na sinopse de um livro sem que ele fale exatamente sobre o feminismo é algo a se parabenizar a editora Arqueiro pela forma de abordar o público de livros desse gênero para a mensagem que está presente na leitura.

Mas ao todo Meio Mundo não fala somente de mulheres guerreiras e seu espaço. O enredo traz uma guerra das grandes que se aproxima aos poucos. A sabedoria de Pai Yarvi e sua Rainha Lalith, que já foi considerada sua mãe, fizeram a história se encaixar de forma perfeita e aos poucos o livro ganhou sua forma e marca registrada.

Com a proposta de agradar um público mais jovem, Meio Mundo cumpriu com seu dever ao me trazer uma leitura maravilhosamente agradável do começo ao fim. O autor tem ganhado cada vez mais um espaço na minha estante, e recomendo que isso aconteça na estante de vocês também.

Resenha| O Sol Também é Uma Estrela, de Nicola Yoon


Autora: Nicola Yoon / Páginas: 288 / Editora: Arqueiro / Nota: 5/5
Sinopse: Natasha: Sou uma garota que acredita na ciência e nos fatos. Não acredito na sorte. Nem no destino. Muito menos em sonhos que nunca se tornarão realidade. Não sou o tipo de garota que se apaixona perdidamente por um garoto bonito que encontra numa rua movimentada de Nova York. Não quando minha família está a 12 horas de ser deportada para a Jamaica. Apaixonar-me por ele não pode ser a minha história.
Daniel: Sou um bom filho e um bom aluno. Sempre estive à altura das grandes expectativas dos meus pais. Nunca me permiti ser o poeta. Nem o sonhador. Mas, quando a vi, esqueci de tudo isso. Há alguma coisa em Natasha que me faz pensar que o destino tem algo extraordinário reservado para nós dois.
O Universo: Cada momento de nossas vidas nos trouxe a este instante único. Há um milhão de futuros diante de nós. Qual deles se tornará realidade?
Natasha não sabe mais como é a vida em seu país natal, Jamaica. Morando com a família de forma ilegal nos Estados Unidos desde que era pequena, Natasha entra em desespero ao receber a notícia de que foram descobertos e agora eles terão que ser deportados.
Enquanto isso Daniel tenta aceitar o destino que seus pais coreanos rigorosamente impuseram sobre seu futuro, e mesmo que seu coração o mande ser poeta, sua obediência o obriga a tentar ser médico, como os pais querem.
Mas no meio de toda essa incerteza do futuro Daniel percebe no meio da multidão um lindo cabelo afro dançante, com uma jaqueta de couro descolada e fica curioso pra ver quem é sua dona que anda tão determinada por aí. Eis que ele descobre a teimosa, marrenta e incrédula Natasha, que não acredita em amor a primeira vista e muito menos em destino. Agora o garoto tem apenas um dia e algumas perguntas para provar, através de um teste científico, que o destino dos dois foi traçado e que Natasha poderá sim se apaixonar por um garoto que conheceu recentemente.

O que esperar de "O Sol Também é uma Estrela" nem eu mesma sabia. Com a rotina agitada do dia a dia, tudo que busquei foi uma leitura leve, interessante e que me tirasse da ressaca literária que estava ultimamente. Acabei encontrando tudo que esperava nesse romance tão fofo que me trouxe várias emoções.

Conhecer a narrativa envolvente e o enredo perfeito de Nicola Yoon foi incrível. Sua escrita trouxa uma dinâmica muito boa para o livro e achei interessante como ela intercalava os capítulos, contando a vida de outros personagens, fugindo um pouco do foco entre Natasha e Daniel e logo após voltava para os dois.

Ficar na torcida foi o que me motivou a terminar a leitura tão rápido. Saber o que seria do futuro desse casal e porquê eles estavam destinados a ficar juntos me causou uma ansiedade muito envolvente.

A maneira como a autora trata levemente de assuntos sobre crenças, ciências, destino e amor trouxeram a leveza que o livro precisava, sem aquela agressividade de tentar empurrar uma opinião a todo custo em cima do leitor e sim de mostrar que duas pessoas diferentes podem se amar e se respeitar.

Tudo acontece por causa de consequências e são por conta delas que temos um final suspirante e diferente de muitos romances. Ao todo o livro me trouxe uma experiência muito agradável e uma sensação de paz e conforto. Não vejo a hora de ler outras obras da Nicola e recomendo que você faça o mesmo.

Resenha| Diário de Uma Paixão, de Nicholas Sparks


Autor: Nicholas Sparks / Ano: 2017 / Páginas: 176 / Editora: Arqueiro / Nota: 5/5SinopseTraduzidos para 50 idiomas, os livros de Nicholas Sparks já venderam mais de 100 milhões de exemplares no mundo.“Quando me sentei para planejar a história de Noah e Allie, muitos anos atrás, nunca imaginei aonde minha própria jornada me levaria. Embora tenha gostado de escrever todos os meus livros, sempre terei um carinho especial por Diário de uma paixão.” – Nicholas SparksDuke é um homem simples com uma vida modesta, mas amou alguém de todo o coração e, para ele, isso sempre foi suficiente. Na clínica de repouso em que vive, Duke se dedica a ler poemas para os outros pacientes, mas, para uma senhora que sofre de Alzheimer – e somente para ela –, lê um diário especial à espera de que um milagre aconteça. Nele está escrita a emocionante história de Allie Nelson e Noah Calhoun, dois jovens que descobrem o verdadeiro significado da paixão, mas são separados por uma série de obstáculos e mal-entendidos. Muitos anos depois, a vida dá conta de uni-los novamente e a paixão volta com todo o seu fulgor. Já noiva de um bem-sucedido advogado, Allie precisa optar entre manter o rumo estável de sua vida e se entregar ao verdadeiro amor, correndo todos os riscos. Com a leitura do diário, Duke recorda a própria vida e, às vezes, a senhora consegue romper as barreiras da doença e retomar sua antiga identidade alegre e vivaz. E, sempre que isso acontece, Duke tem a certeza de que o amor relatado nas páginas do diário é a força mais poderosa do Universo. 'Diário de uma paixão' foi o primeiro romance publicado por Nicholas Sparks e é uma prova do talento que o consagrou por todo o mundo. Entremeando as histórias de Allie, Noah e Duke, ele construiu um conto romântico que se tornou um verdadeiro clássico.

Não sei por onde começar essa resenha. Talvez eu deva falar sobre expectativas. Quem acompanha as resenhas do meu blog já deve estar ciente do tamanho do problema que eu carrego há tempos. Existe aquele ditado que diz "não julgue o livro pela sua capa", mas por mais que eu me esforce, eu não consigo exercitar esse pensamento na minha vida - e Jonathan TropperKeri Smith e Isabela Freitas são testemunhas disso.

Julguei, sim, Diário de Uma Paixão. Custei acreditar que eu estava lendo Nicholas Sparks. Esse não é o tipo de livro que a gente lê por prazer; é o tipo de livro que a gente lê por se aventurar em novos gêneros, mas sem esperar muito, por não fazer parte do seu ciclo de leitura, eu achava. Mas eis que veio o primeiro golpe: o livro é muito bom. Numa escala de zero a dez, minha nota é, com toda certeza, um dez. 

O livro é muito bem narrado - esse é o momento perfeito para colocar em prática os tipos de narrador (Gérard Genette). Duke é um homem solitário que passa o resto dos seus dias lendo para pessoas em um asilo. A principio, Duke é um narrador extradiegético-heterodiegético. Ele conta a história de Noah e Allie e seu romance quase proibido devido às suas diferenças sociais: para a família de Allie, mais especificamente para mãe dela, Noah não é a pessoa perfeita para Allie.

A gente conhece as personagens ao qual o romance gira em torno já no futuro, anos após eles serem separados por motivos já mencionados. Allie agora está prestes a se casar com Lon, o julgado marido perfeito pela sua mãe, e três semanas antes do seu casamento, Allie, que passou anos sem notícias de Noah, recebe um sinal de vida e decide procurá-lo para um último adeus.

O livro vai além desse estereótipo de romances destinados a senhoras da terceira idade ou garotas religiosas que sonham com um amor que só existe na ficção, e por motivos óbvios, também conhecidos como spoilers, eu não vou me aprofundar. Acontecem diversas reviravoltas. Acontecem muitas coisas pelas quais vale a pena ler o Diário de Uma Paixão. E se você, assim como eu, tem problemas com expectativas, saia dessa. Vamos desconstruindo isso. Comece por Nicholas Sparks.

Resenha| O Que o Câncer Me Ensinou, de Sophie Sabbage

Autor: Sophie SabbageAno: 2017 Páginas: 220 Editora: Sextante Nota: 3/5Sinopse: Meu câncer é sistêmico e incurável, mas estou vivendo com ele. Na verdade, estou me fortalecendo com ele. Se eu considerar as estatísticas, as previsões e as probabilidades, sou um caso perdido. Mas prefiro não fazer isso. Opto por entender a doença sem me entregar a ela, me resignar sem sucumbir, gritar meu nome do alto das estatísticas antes que minha identidade seja soterrada no frio anonimato dos números. Dedico os dias, as horas e os minutos a prolongar a vida, com a inabalável intenção de criar minha filha até ela se tornar adulta, de envelhecer com meu amado marido e de fazer a diferença que gosto de pensar que vim ao mundo fazer. Não tenho qualificação para ajudar você a superar o seu problema. Mas sou qualificada para ajudá-lo a superar o seu condicionamento, o que acredito também ser essencial para o processo de cura. Posso mostrar-lhe como ficar bem, mesmo quando estiver se sentindo mal, e como resolver as questões emocionais que podem ter contribuído para a sua doença. Espero que esta leitura o inspire a sentir a vibração da vulnerabilidade, a energia do propósito e a maravilha de forjar o seu próprio caminho pela floresta densa e escura que às vezes parece não oferecer trégua ou escape. Torço, principalmente, para que você perceba que o câncer tem algo a ensinar; basta saber como ouvir o que ele está tentando dizer.
Eu não tenho câncer. Eu nunca tive e, se depender da minha vontade, nunca terei, mas sei que as coisas não funcionam assim. Escrevo essa resenha fugindo um pouco da imparcialidade. Eu compactuo com a filosofia Till It Happens to You, que consiste em entender completamente apenas o que já foi vivenciado, e para mim isso é algo totalmente empático. Escrevo essa resenha avaliando o livro, mas também os fatores externos a ele - e espero que isso faça algum sentido e espero também que não pareça com um eufemismo para fins comerciais.

A autora define o livro como uma "obra que é parte autobiográfica e parte autoajuda". Eu não tenho muito a dizer, senão que é um ótimo amparo para almas desamparadas. É muito óbvio qual seja o público ao qual o livro se endereça. No entanto, almas desamparadas de qualquer natureza pode aproveitar alguma coisa dos ensinamentos de Sophie. Não somos preparados para lidar com o pior. Sempre esperamos pelo melhor, ou pelo menos deveríamos, e é exatamente sobre isso que o livro é: se manter positivo, mesmo com seu o mundo prestes a desmoronar. 

Por mais que eu deteste autoajuda, no geral, o livro é bom. Com alguns vacilos na narrativa, mas ainda assim bom. Se eu tivesse câncer, eu compraria este livro e não me arrependeria de tê-lo comprado. Se eu tivesse um amigo com câncer, eu o recomendaria sem sombras de dúvidas. Mas como ele não foi escrito para mim - e para mim, eu me refiro ao público ao qual eu me insiro -, ele não é tão atraente. E isso sem considerar o fato dele ser um livro de autoajuda - um lance complicado de se engolir com naturalidade. Ele é completo, como um catálogo de deveres para suavizar a sua jornada rumo a cura do câncer, caso você tivesse um câncer. Contém alguns documentário, algumas informações sobre tratamentos alternativo, tratamentos convencionais, médicos e clinicas em diferentes partes do mundo. No geral, ele é bom, mas dá uma pecadinha na narrativa. Ele é um pouco previsível. Ele tem 220 páginas, folhas grossas, fonte comum, mas além do sumário, ele tem uma breve descrição dos capítulos, cujos nomes são autoexplicativos. Aí o livro que já não era tão atraente por não ser um livro destinado a você, se torna menos atraente ainda por jogar em sua cara o conteúdo do livro inteiro nas primeiras páginas.

E as coisas não são tão confusas quanto parecem: o livro é um livro de autoajuda, gênero do qual eu não sou muito fã; o livro foi escrito para um público do qual eu não faço parte; o livro tem alguns vacilos na narrativa; mas o livro não é ruim. Eu diria que ele cumpre com o que promete. Mesmo com os "problemas" citados, ele ainda é um livro que merece atenção de quem precisa de algo do tipo. E só.

Meu Jeito Certo de Fazer Tudo Errado, Klara Castanho e Luiza Trigo

 
Autores: Klara Castaonho e Luiza TrigoAno: 2017 Páginas: 375 Editora: Arqueiro Nota: 5
SinopseEm 2014, na Bienal do Livro de São Paulo, Klara Castanho foi pedir um autógrafo para Luiza Trigo, que estava lançando seu novo livro. Desse encontro nasceu uma amizade. 
Um ano depois, inquieta e cheia de ideias, Klara pediu ajuda de Luiza com o conteúdo de um programa jovem de entrevistas que planejava fazer na internet, baseado no que via no dia a dia. Depois de trabalhar um pouco no que Klara havia escrito, Luiza sugeriu: “Que tal pegarmos esses textos e transformarmos em um livro?”. Klara adorou. 
Assim surgiu a história de Giovana, uma garota que acaba de se mudar com a família para São Paulo e que, de quebra, precisa encarar os dilemas da adolescência. Obedecer sempre aos pais controladores ou se aventurar em busca de independência? Ignorar suas convicções para andar com o grupinho popular do colégio, ou isolar-se com a amiga tímida e solitária? Viver um grande amor e perder o amigo, ou contentar-se com a friendzone?
O resultado disso tudo são situações e personagens coloridos e autênticos, já que suas dúvidas, erros e acertos foram inspirados nas vivências das próprias autoras. E isso mostra um pouco do motivo pelo qual elas compartilham a paixão pela leitura: com ficção podemos exprimir grandes verdades.

Lembro da birra que eu fiz para conseguir o Meus 15 Anos da Luiza Trigo. Na resenha, eu falei da autora como se fosse a maior destruidora de lares que você respeita. Estou dizendo isso, porque eu quase repeti a cena ao ver o Meu Jeito Certo de Fazer Tudo Errado, o mais recente livro da Luiza, mas agora bem mais da Klara do que da própria Luly. O livro nasceu de uma amizade que teve início na Bienal de 2014 e também de alguns rascunhos da Klara para um projeto. E assim como o Meus 15 Anos, Meu Jeito Certo de Fazer Tudo Errado está uma delicinha de ser lido. Vale a pena.

No livro, Giovanna acabou de se mudar de Campinas para São Paulo contra sua vontade. Não estava nos seus planos ir a São Paulo justo no início do ensino médio, mas como os negócios na agência de moda dos seus pais estavam indo tão bem, eles decidiram levá-lo mais adiante, e ela não teve escolha, senão ir se acostumando com o seu mais novo lar.

E por estar no auge da adolescência é que o livro se torna interessante, pois ele trata de temas bastantes clichês com um público que, se ainda não viveu, viverá muito em breve. Serve como um guia, contendo os vacilos da adolescência (lê-se drogas, más influências e a adolescência herself). 

O livro tem aquela vibe de Garotas Malvadas (2004), e eu amo Garotas Malvadas. Sem muitos esforços, você consegue encaixar cada personagem do livro nas personalidades das personagens de Garotas Malvadas: Nanna seria a Cady, Manu seria a Regina, Miguel seria o Aaron etc. E eu vejo isso como consequência de ter uma cineasta no campo da literatura. Desde Meus 15 Anos que eu tenho notado que ela vem usando as suas armas para trazer leitores para o cinema - mesmo que de forma involuntária. E essa conversa entre as artes é incrível. 

Quando eu li Will & Will, eu não consegui distinguir quem era quem. Fui até a metade do livro jurando que só tinha um Will no protagonismo. Aí, toma epifania. O livro foi escrito pelo John Green e David Levithan, e cada um dos autores assumiu a responsabilidade de criar um dos dois personagens protagonistas, dos quais a história se intercalava a cada capítulo. Criativo. Mas por que eu estou falando isso? Porque as personagens do romance de Green e Levithan tinham personalidades próprias. Acredito que nenhum dos dois traziam características dos respectivos autores. Giovanna é a Klara Castanho. Não 100%, mas uma porcentagem suficiente para o "eu" falar mais alto do que o "ela". Não consegui desvincular a imagem dela enquanto eu lia o livro, e talvez você não consiga também.

Eu não vejo isso como algo negativo. Quem lê o meu blog, sabe que eu sempre tento escrever em primeira pessoa, tento externar o que eu realmente penso. Isso dá proximidade ao leitor. É confortante saber que você não está sozinho nessa. As pessoas têm buscado cada vez mais representatividade e não há lugar melhor para demonstrar isso do que em sua arte.